Digistump Oak, uma placa de desenvolvimento barata, com WiFi e compatível com Arduino

O Oak aproveita os recentes avanços no suporte ao hardware básico dos shields WiFi comuns para oferecer uma nova classe de placas para protótipos e desenvolvimento.

Aderi hoje ao melhor kickstarter de 2015 (para mim, e até agora): uma placa de desenvolvimento de 32 bits com WiFi, compatível com Arduino, e feita pelo criador do Digispark, um dos pioneiros a terem sucesso nas variações criativas dos Arduinos.

Se você acompanhou as notícias da virada de março para abril, já sabe que a comunidade do ESP8266 fez algo genial com suas plaquinhas, que deixaram de ser meros shields que acrescentavam suporte a WiFi a projetos com Arduinos1, e passaram a ser placas de desenvolvimento diretamente programáveis a partir da IDE do Arduino, sem precisar de um Arduino no meio do caminho.

Ou seja: desde a virada do mês você pode – com algum esforço de configuração inicial – programar seu shield WiFi ESP8266 (como o popular ESP-01 da foto acima) diretamente, usando nele funções da biblioteca Arduino, como pinMode, digitalRead, digitalWrite, analogRead e millis, o gerenciamento de interrupções, o suporte a Serial e a EEPROM, e até algum suporte a I2C. Para facilitar, a função delay() foi modificada para cuidar sozinha das pendências de gerenciamento dos protocolos TCP/IP e WiFi envolvidos, e você também pode gerenciá-las diretamente, se preferir. A configuração e comando de tudo isso é feita com funções equivalentes às da biblioteca WiFi usual no Arduino.

Embora isso possa ser feito diretamente nas plaquinhas criadas para serem acessórios, o próximo passo era óbvio: alguém iria criar uma placa de desenvolvimento, no estilo Arduino, para aproveitar de forma específica a capacidade desse hardware, ao mesmo tempo em que faz uso do que a plataforma de desenvolvimento Arduino já oferece.

O Oak aproveita o baixo custo do ESP8266 e foi projetado para facilitar o uso dos recursos de desenvolvimento da plataforma Arduino.

E esse projeto não demorou nem um mês para aparecer: o Oak veio a público neste final de semana, na forma de uma campanha do Kickstarter que arrecadou no primeiro dia múltiplas vezes o valor que planejava arrecadar ao longo de um mês inteiro.

Não é pra menos: o Oak é um projeto da Digistump, que também lançou no Kickstarter, anos atrás, o bem-sucedido Digispark, cujos clones até hoje fazem sucesso na minha bancada.

De certa maneira, o Oak é uma continuação do Digispark: é igualmente compatível com a plataforma Arduino usando um microcontrolador que os Arduinos oficiais não usam. Ele inclusive é compatível com mais de 20 shields existentes para o Digispark e o Digispark Pro.

Mas ele oferece alguns recursos que o diferenciam fortemente, sendo o primeiro deles o mais óbvio: suporte embutido a WiFi (b/g/n). O seu microcontrolador tem desempenho de 32 bits, ele traz 11 portas digitais de entrada e saída (com PWM em todas elas, mas no máximo 6 de cada vez), uma porta analógica de entrada, capacidade de monitorar a sua própria tensão de alimentação e suporta comunicação serial (UART, I2C e SPI).

Olhando para a placa você pode imaginar que a programação do Oak é via USB, mas estará enganado: a porta USB está lá apenas como opção de alimentação elétrica, e as conexões lógicas são todas via WiFi – desde a primeira, na qual você se conecta diretamente à rede sem fio da plaquinha e informa a ela os detalhes da rede sem fio à qual ela deve passar a se conectar.

Além de poder ser programado pela IDE do Arduino (que também fará a transferência de código via WiFi), ele também permite o uso de uma IDE on-line – e em ambos os casos é possível usar diversas bibliotecas originalmente desenvolvidas para o Arduino (com exceções: o que usa diretamente recursos específicos dos microcontroladores naturalmente não irá funcionar).

Além das bibliotecas feitas para o Arduino, ele também faz uso da Rootcloud, um serviço na nuvem que oferece uma API REST (já com documentação disponível) para uso nos Oaks.

Além disso, o Oak tem:

  • Modularidade: a sua parte com as funções de desenvolvimento é separada da sua parte com as funções de execução (pequena, barata e similar aos shields WiFi), e você poderá comprar vários módulos de execução (chamados Acorns) para programar usando uma mesma placa de desenvolvimento. Mas quando você compra um Oak, você recebe as duas partes: o Acorn e a placa de desenvolvimento.
  • Dashboards: montagem de paineis de mostradores (gráficos de evolução de sensores, identificadores de valores, acesso a históricos, etc.) sem precisar programar.
  • Gerenciamento de dispositivos: há serviço de suporte a múltiplos Oaks e Acorns a partir da nuvem, permitindo fazer upgrades, verificar status, erros e mais.

  • App para iOS e Android: permite configurar e mudar o status das portas, gerenciar PWM e mais, sem precisar programar. E vem com exemplos para facilitar a criação de apps específicas.

Para completar, é open source, desde o design e firmware até o software servidor da API.

Eu já aderi ao Oak no Kickstarter. Selecionei a opção de 23 dólares (mais US$ 5 de frete) para receber 2 deles assim que ficarem prontos. A previsão é que sejam enviados em setembro, e recebidos quando o correio entregar ;-)

 
  1.  E a outros hardwares além dos Arduinos, claro.

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Dos leds ao Arduino, ESP8266 e mais

Aprenda eletrônica com as experiências de um geek veterano dos bits e bytes que nunca tinha soldado um led na vida, e resolveu narrar para você o que descobre enquanto explora esse universo – a partir da eletrônica básica, até chegar aos circuitos modernos.

Por Augusto Campos, autor do BR-Linux e Efetividade.net.

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